O estereótipo do DJ gringo é aquele cara que pula e levanta os braços para bater palmas. Que pede que o público balance seus celulares com as mãos para cima. Também dá pausa nos refrões das músicas para ouvir o coro da plateia. O estereótipo do DJ também começa o set com hits, dá uma amenizada, para a galera descansar, e depois volta com tudo. No meio tempo, faz declarações de amor à cidade em que está e não esquece de dizer que vai voltar. E, claro, finaliza a apresentação com o seu maior hit. O estereótipo do DJ gringo é David Guetta. Eleito o melhor DJ do ano passado, o francês se apresentou nesta madrugada para uma multidão na área externa do Centro de Convenções.
A apresentação de Guetta estava marcada para começar à 1h30 e ir até às 4h. O francês se atrasou uns 20 minutos e descontou o tempo no final, tocando até pouco antes das 4h30. Todos seus hits estavam lá: Sexy bitch, com vocais de Akon, Where them girls at, com Nicki Minaj e Flo Rida, Without you, com Usher, Titanium, com Sia, Memories, gravada com Kid Cudi e tantas outras que tocam em rádios FMs do mundo todo. Teve até remix tribal de Adele.
Ao vivo, Guetta não faz tantas alterações nas batidas das músicas que produziu. A diferença fica mais clara nas faixas que ele remixa de outros artistas da música eletrônica, como foi o caso de Block Rockin Beats – o que havia de transgressor e cinematográfico na faixa virou, nas mãos de Guetta, mais uma batida pasteurizada, pronta para ser consumida por quase todos os públicos.
Não que isso seja um ponto fraco do DJ. É exatamente o seu ponto forte. Guetta fala para as multidões. Para ele parece não interessar conquistar quem gosta de música eletrônica apenas. Em todos os aspectos, ele é muito mais pop que eletrônico. Suas batidas são conhecidas, genéricas até, e isso só faz com que ele seja ainda mais popular.
Depois de fechar o seu set de 2h30 com Without you, Guetta brindou o público – desde o começo ansioso por este momento – com I got a feeling, o mega hit que ele produziu para o Black Eyed Peas. Deu tchau ao Recife dizendo que quer voltar. “Não sabia que escondiam esse segredo chamado Recife”, falou. Guetta já veio diversas vezes ao país, mas esta foi sua primeira apresentação na cidade. Falou também que o que mais gosta daqui é a miscigenação da população. “Há todas as cores e apenas uma nação”, comentou.
Estrutura – Talvez a apresentação de Guetta tenha sido a com a maior área vip da história do Grande Recife. Simplesmente toda a área em frente ao palco foi vendida como prime (no dia, R$150), enquanto que a lateral direita ganhou o nome de “pista”, com ingressos a R$60. No ano passado, o show do Iron Maiden foi realizado no mesmo lugar e a pista foi dividida entre área vip e comum. A lateral estava fechada.
Quem pagou mais caro pelo ingresso nem ficou tranquilamente mais perto do palco, nem teve facilidades ao entrar. Próximo da hora de Guetta se apresentar, o cenário era de caos nas catracas da entrada prime. As filas eram gigantescas e desordenadas. Houve empurra-empurra e várias brigas – rapidamente contidas pelos seguranças. Teve quem conseguisse entrar sem entregar o ingresso. Também faltou pulseirinha de acesso. Com capacidade para 15 mil pessoas, o espaço tinha apenas 18 catracas para a área prime – e pelo menos duas delas estavam sem funcionar após à1h da madrugada.
O público também teve que se contentar em jogar o lixo no chão, pois praticamente não havia lixeiros. Em compensação, não havia fila nos banheiros e também havia bares funcionando ao longo de toda pista, apesar de certa demora no atendimento. A iluminação foi um espetáculo à parte, assim como os telões sincronizados.
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